Medicamentos X Psicoterapia
- Patricia Kiremitdjian
- 29 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de out. de 2024

Existe uma grande dualidade nesses dois tipos de tratamentos. E uma grande polêmica também.
O tratamento medicamentoso age de fora pra dentro, pois a droga vai agir em seu cérebro dando as substâncias que ele não está produzindo.
Mas por que ele não está produzindo?
Porque quem controla o cérebro é a mente. Se os pensamentos estão poluídos, se os sentimentos estão densos, o cérebro responde a isso produzindo o sintoma.
Na abordagem analítica, doenças e transtornos são vistos como sintomas. Eles são mensagens do inconsciente (parte desconhecida da mente). Eles nos contam sobre os nossos conflitos internos.
Quando o medicamento entra em ação, ele inibe o sintoma, ou seja, a pessoa melhora. Porém, ela não tratou a causa efetivamente, pois se a pessoa parar com a medicação, os sintomas voltam.

A psicoterapia por sua vez, vai agir na causa. Ela vai fundo nas questões que fazem com que aquele indivíduo tenha desenvolvido o transtorno/doença. Ela age de dentro pra fora.
O tratamento psicoterápico é indicado para qualquer indivíduo que tenha mente. Quem tem mente, tem conflitos, certo?
Então ele serve para pessoas que tenham transtornos e pessoas que não os tenham. Pessoas que querem se conhecer melhor, alinhar algumas questões internas podem e devem vir para a psicoterapia.
Já o tratamento medicamentoso deveria ser ministrado somente para os casos em que o indivíduo não está conseguindo seguir sem ele, ou seja, aquele indivíduo que está ficando comprometido na sua rotina, que não tem conseguido lidar minimamente com questões diárias, relações básicas, que não está conseguindo caminhar minimamente sozinho.
E por quê?
Porque o medicamento camufla o sintoma. A crise cessa e, ao cessar, parece que ficou tudo resolvido. Só que o inconsciente insiste em mostrar o conflito e os sintomas depois de um tempo começam a voltar ou se deslocam, formando outro sintoma (outra doença). Aí é necessário ajustar a medicação, que na maior parte das vezes, vicia. E o ciclo se repete. A medicação vai aumentando, vai trocando, e o indivíduo não aprende a lidar com as próprias angústias e a ter certo "controle" sobre seus sentimentos e suas reações.
São dois tratamentos diferentes, por vezes complementares.
Mas quando eles se complementam?
Somente quando o indivíduo não consegue caminhar minimamente na sua rotina. O medicamento entra como socorro imediato, pois age rápido e a psicoterapia entra como tratamento mais longo, porém mais efetivo. O pensamento é de, ao longo do processo, fazer o desmame do medicamento junto ao médico psiquiatra conforme o indivíduo vai conquistando avanços internos.
Por isso, com ou sem medicamento, a psicoterapia é mais do que indicada.
Você vem?


